No boteco

Poemas nômades

Este espaço é reservado para a livre expressão poética…

“Sintonia” (Sara Amanajé)

Flui como a luz
Entrelaçada
Freqüência ondulada
Que entontece
Brinca,
Desvenda a escuridão
Mostra a imperfeição
Mais perfeita que
Me atrai para as margens do além
Onde o precipício é renovação
Nas terras virgens de um alguém

“Finjindo” ( Sara Amanajé)

Perdida estou quando finjo controlar meus desejos
Para me sentir consciente, potente, ardente
Queimo sim, de hipocrisia,
Vaidade e falsas verdades
Tem algo que me prende na mentira da razão
É um elo, é uma prisão
Que me faz ser gente com gratidão.

Vozes” (Sara Amanajé)

Vozes que me enlouquecem
A minha loucura que as produz,
Meus devaneios constantes
Digladiam-se com a cultura marcada em pele crua
Vozes vão e vem
Assim como a minha vontade confusa, notória e profunda
Da sua candura, bruta, vazia
Impressa nesse vai e vem.

"Ecos da cidade" (por Márcia)

Essa transcidade também me atravessa...
Por hora  com um eco
Por hora  com  um oco
Por hora com um susto
Por hora com  um riso ...

Cordão Umbilical (Sara Amanajé)

Sempre aqui, ali e sempre
Desde do despertar do ser
São tantas travessuras, perigos, derrotas e conquistas, mas sempre comigo.

Foste o símbolo das minhas fases,
De tão longe viestes para apresentar-me
Reflete a minha luz
Sustenta as minhas vitórias.

Sempre aqui, ali e sempre
Impõem os meus amores eternos,
Amor incondicional
Sem igual beleza e valia

Cravado em meu peito
Miragem e verdade
Em uma confusa harmonia
Transcende o acaso.

“Teimosia” (Sara Amanajé)

Meu corpo reflete os desejos de minha alma
Ele teima em ser altruísta,
Com e sem medida
O que há de fazer?
Apenas Viver o prazer
Suspira, treme, esquenta, geme.

Sei o que quero e quero conter
Sempre para não doer,
Apenas viver o prazer
Suspira, treme, esquenta, geme.

Meus sonhos aqui estão,
expostos à pele
Com e sem reservas
Apenas viver o prazer
Suspira, treme, esquenta e geme
O ser.

“Essência” (Sara Amanajé)

Essência é o que exala da tua pele quando junta-se ao meu corpo,
Confunde os instintos, exalta o ego, transfigura o ser.
Quero correr para longe e quanto mais corro aproximo você de mim.
Quem és tu?
Misterioso, meticuloso e sagaz.
Reinvenção do meu objetivo
Mantido oculto
Na Caverna do meu sentir.
Acorrentada coloco-me em tuas mãos,
Desespera para nunca ter que dizer Não.

1971 (m sales)

Amou mais uma vez mas não foi ela a última
Contou mais uma história como se fosse a última
A cada gesto seu um passo em falso único
E o sorriso largo no seu jeito tímido
Desejou intenso feito uma máquina
Desfez suas certezas que se erguiam sólidas
Mudou de direção com um simples toque mágico
Um caminho feito de prazer e lágrima
Acordou segunda achando que era sábado
Deitou-se em sua cama se sentindo príncipe
De uma hora pra outra estava em um náufrago
Mas na tempestade cantou uma música
Se esqueceu de tudo no seu sonho bêbado
Quis sua liberdade pra sentir-se pássaro
O tempo do relógio um movimento flácido
De cada decisão um sentimento público

Sem paciência teve que encarar o tráfego

Amou mais uma vez como se fosse o último
Contou mais uma história como se fosse a única
A cada gesto seu um passo em falso pródigo
E o sorriso largo no seu jeito bêbado
Desejou intenso como se fosse sólido
Desfez suas certezas num toque de mágica
Mudou de direção com argumento lógico
Um caminho feito de suor e tráfego
Acordou segunda achando que era um príncipe
Deitou-se em sua cama se sentindo o máximo
De uma hora pra outra se sentia máquina
Mas na tempestade se afastou do próximo
Se esqueceu de tudo pra sentir a música
Quis sua liberdade pra curtir o sábado
O tempo do relógio que corria tímido
De cada decisão um coração em náufrago

Sem paciência teve que encarar o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Contou mais uma história com argumento lógico
A cada gesto seu um passo em falso flácido
Acordou segunda achando que era um pássaro
Quis sua liberdade pra sentir-se príncipe
O tempo do relógio parecia bêbado

Sem paciência teve que acordar no sábado

Ser (Lúcia Helena O.)

Como alcoólatra
Bebo o dia para não secar a lucidez da alma
Como livre
Corro pistas para não ver o tempo parar
Como poeta
Escrevo para não embriagar meu coração.

1976 (Lúcia Helena O.)
Tango
Bolero
Vassoura
Valsa
Chinelo
Saudade idade
Vontade do  abraço
Com laço na alma
Sorriso com brilho
A luta no peito
A força o respeito
Emana na casa
Que  ouve seus passos
Sente seus laços
Vê sua luz
Traduz-se no hoje
Desejo do ontem
Liberdade trilhada
Enfim alcançada
Agora o seu dia
Com nome exposto
Com foto
Com rosto
Com voz
Gargalhada
É dia é hora
Do Silvio querido
De eterno a amigo
Estar entre nós
Falar para gente
Que vive contente
Nos ouve nos sente
Não tem mais correntes
Não tem corre- corre
Nem fuga na noite
Tabernas
Pernoites
Porretes
Açoites
É luz
É estrela
Que toque o piano
Que eu ouça tua voz.
 
Na paz (Lucia Helena O.)
Busquei no teu corpo
a paz que procurava para o meu.
Senti na tua pele o perfume
que invadia o vazio de  noites infintas.
Achei na tua boca
o gosto da fruta roubada
dos tempos de menina.
Percebi que na tua mão
a leitura dos meus códigos
mais secretos
foram se revelando
e deixando na transparência progressiva
do desejo,
brotar a concretude do  prazer
no corpo que se deixa lido,
e decodificado pelo homem
que me olha,
me deseja e
silenciosamente me possui.
Batidas do coração!
Corpo de corda bamba
sem rede de proteção que o segure
no infinito salto do prazer.

Casa de Bamba (m sales)

Carioca de vocação
Homem de todas as notas torcidas
Incrível poeta de tantas canções
Catador de palavras soltas na vida
Ontem e hoje: encantação
Bate o batuque na beira do peito
Urge a estrela que precisa brilhar
Arde no canto da pele a nota
Raios de acordes acordam no ar
Quando as palavras deslizam na música
Umas e outras começam a dançar
Ele tudo observa e faz acontecer

Cartão de Aniversário (Jose Mauro Fernandes)

Depois de tantas voltas em torno do sol
nem parece que você viajou tanto
Parabéns!
Éramos tolos e geniais,
caminhávamos em gelo fino.
E todos nós éramos frágeis
e vivemos, juntos,
algumas inseguranças,
crises existenciais
aprendizados empíricos.
E nos fizemos adultos
e partimos para outras estradas.

compartilhamos choros e alegrias
e os aniversários eram bem comemorados!
Tu completas mais uma volta em torno do sol
e sinto-me feliz por tua viagem!

SOLIDÃO (Bruno Alves)

ELA NÃO ME INVADE
NÃO CHEGA SEM PEDIR LICENÇA
EU QUE A CONVIDO
PARA PARTICIPAR DA MINHA INTIMIDADE
ELA SUGERE REFLEXÃO
REESTRUTURAÇÃO
ME PEDE CAUTELA
POR QUE TEMER A SOLIDÃO?
VOU TE CONTAR UM SEGREDO
A SOLIDÃO NÃO EXISTE
TÃO POUCO É FRUTO DA IMAGINAÇÃO
APENAS VOCÊ DISFARÇADO
PARA SE OPOR A MULTIDÃO
NÓS NÃO FICAMOS SOZINHOS
E SIM,
COM A GENTE MESMO
REFLEXO NO ESPELHO
A SOLIDÃO É UMA FARSA DO SUJEITO
QUE PREFERE ENGANAR-SE
A ADMITIR QUÃO CHATO ELE É
EU VIVO SOLIDÃO
RESPIRO SOLIDÃO
EU SOU SOLIDÃO
MAS AS VEZES PREFIRO CRER QUE NÃO

“Poesia crua” (Jose Mauro Fernades)

Asso carnes
e frito batatas
Mas me alimento
mesmo
É da poesia crua!

Do amor (subjetivo) (Zémauro Fernandes/Marcos Moreno)

Já falou-se tanto do amor

E haverá muito o que falar

Pois o amor é um poço

Inesgotável

Impossível de secar

Do amor não se tem medo

Vai-se ao fundo

E bem sério

Desvendar todo segredo

Mesmo sem poder expressar

Todo Mistério

Mal de amor

Não tem remédio

Ele próprio é a poção

Outro amor lhe tira o tédio

E também da solidão

E amar é como

Navegar em alto mar

Sentir presságios de perigo

Sobreviver de um naufrágio

E se achar forte

Mesmo sendo frágil

O INDISCRETO (FDC)

Você viu como o sol é indiscreto?
ele invadiu o nosso quarto logo ao alvorecer
clareou tudo..
iluminou nossos olhos,
pensou que de amor estavamos fartos,
varou na vidraça para do leito nos erguer.
E é por isso, que eu amo a lua,
simples,
amorosa,
discreta.
Enche de penumbra a terra e nos observa bem quieta.
é bem discreta a luz dela.
Sem forte clarão,
sem fulgor.
Enquanto o sol nos convida a trabalhar..
a lua
ela, nos convida para o amor.

NA ESPERA (FDC)

Na imensidão desse lugar
saio a te procurar
talvez,
você não venha
talvez,
eu não possa te achar
mas,lá
lá eu vou ficar
a te esperar…

Tenho AIDS sim (Theobaldo Villela)

Tenho AIDS sim,
Mas não tente me fazer de vítima
Como se eu fosse um coitado
Aviltado, humilhado…
Estou cansado,
Mas não é o meu corpo que reclama
É a alma que clama por paz
Me deixem em paz
Não quero mais uma mão estendida
Que não seja amiga
Quero curtir a vida
A que me resta
Mas que ainda é minha

Tenho AIDS sim,
Mas não pense que por isso sou inferior
Sou apenas diferente
Um jovem doente
Mas que sente o sangue pulsar no coração
Sou mais que esta carne
Sou mais que este corpo
Mas sou de carne e osso
Sou feito de sonho e paixão

Tenho AIDS sim,
Mas não me acuse de nada que fiz
Pois apesar de tudo fui feliz
“Confesso que vivi”
Vivi o que quis
E agora por um triz
Ainda sou feliz

Tenho AIDS sim,
Mas não olhe para mim como se eu fosse um culpado
Estou além da cruz e do pecado
Além do certo e do errado
Vivo num sentido extra-moral
E se quiserem, me considerem anormal
Não faz mal
Eu só quero a vida
E esta não significa um espaço no tempo
É o momento, o vento, a eternidade

Tenho AIDS sim,
Mas não sou nenhum idiota
Sou alguém que aprende a conviver
Com algo novo dentro de si
Algo terrível,
Pequeno mas forte
Parente da morte
Que está perto e distante
É certa e inconstante
E que não atende por hora marcada
Dela só faço rir
Enquanto puder, afastá-la de mim
Mas não por medo
Talvez por pensar que é o fim

Tenho AIDS sim,
Mas sou mais que isto
Sou um mundo; para alguns, imundo
Sou um início; para uns, um vício
Sou um fim
O que para alguns é ruim
Eu simplesmente sou

“Intervalos” (José Mauro Fernandes)

Nascer é óbvio
Morrer inevitável

Nesse intervalo
Prevalece
Nossa opção

Existir
É a alegria ou tristeza
de viver isto

“BUSCA” (José Mauro Fernandes)

Quero o sabor do sorriso
Na boca da poesia

Buscá-la vou
No espaço albino
De qualquer caderno
Na solidão do vão
Da folha única
E na coleção de saudades
Em branco e preto

Na memória desbotada
Da infância
E nas perdas e danos
Que brotam desta distância

Necessário é obtê-la
Dos anjos, dos diabos
E outros artifícios
Dos álcools, dos cigarros
E nas dores de outros vícios

Nunca esperá-la
Fosse ela só
Só inspiração

Porque ela existe
E está
Na febre que acomete-me
As noites em claro
Enquanto domo
A selvagem beleza
Das palavras em sono

Um olhar… (Theobaldo Villela)

Algo Indefinido Demarcou o seu Sítio
Alojou-se Incerto Decidido a Surdir
Absoluto Impôs-se Descendo no Sangue
Armando Infame um Destino a Seguir

Algoz Implacável que Destrói a Seiva
Anjo Infernal que Devora o São
Absinto Ímpio de Decisão Sobranceira
Abismo Impetuoso que Deita Solidão

Apaga a Ilusão de Dias Solares
Aurora Ignora e Deixa Sumir
Arranca Impávido o Deflagrado Sopro
Antes que Intentem do Domínio Sair

Assim no Íntimo Dói a Sentença
Aquela Impressão do Derradeiro Sinal
Antecipa-se o Instante da Despedida Solene
Acaba a Impulsão do Dom Seminal

Agora Infausto Disposto a Sofrer
Atado Inerte em Dosagens Sem-fim
Assim como a Ilha que Descobre-se Solta
Ando Indigente Dizendo Sim

Algo Insurja Desviando esta Sina
Arruinando o Império Deste Sentimento
Abra o Inferno e me Deixe Sair
Alivie a Intensa Dor do Sofrimento

Desejos (C. Martins)

Um novo dia
Anuncia-se:
Temor
Apreensão
Calor
Caminha à tarde
Um sabor à parte
Por todo o corpo
Tremor
Avizinha-se a noite
Não mais dor
Pro leito amigo
Agora vou contigo.

Vão (Theobaldo Villela)

Minha vida está por um triz
Já rasguei o meu nariz
Dilacerei meu pulso
E narrei a minha dor
Sem saber pra onde vou
Sigo a ermo
Suado, calado
Mas com um grito contido
Que ninguém quer ouvir
Por isso engulo
E volto a curtir
Meus instantes de solidão
Que vão vagando
De vão em vão
Sem resistir
Pois lutar
É em vão

“O homem morre” (jose mauro fernandes)

O homem morre de tifo, de sarampo
De erro médico e doença rara
Morre de AIDS, mas segundo os parentes,
Foi pneumonia
Morre menino – nem bem viveu –
Maldade Divina!Acusa o ateu

De tamanha solidão morre sozinho,
Porém que ironia, todos vão ao seu enterro
Morre na procura da paz e na ignorância da guerra

Morre assassinado pedindo reforma agrária
E ganha sete palmos de terra,
Que aduba com a putrefação corpórea

Morre de bala perdida que o encontra
E no lugar de um outro, na bala da vez

Morre galinha – adúltero – nos dentes da raposa
Constrangendo a família, na dúbia dor da esposa

Morre no tráfico e no tráfego,
Sem consciência morre louco, ouvindo vozes
E sem saber dar um basta, no falso prazer do vício, de overdose
Na ilha da fantasia, lugar paradisíaco
E sem dar tempo para nada, de congênitos problemas cardíacos

Morre de manhã, morre à tarde e à noite
Em meio a carícias que se excedem em açoites
Nos exageros, morre de gula
Também de fome, sem saber das delícias
Morre sem proteção pela própria polícia
e da “injustiça” da pena de morte

Morre afogado, vítima de um naufrágio,
E quando náufrago sobrevive
Morre de sede no meio do oceano
Morre também da seca no deserto de soluções políticas

E mesmo, quando, com toda cautela
Não escapa da inevitável mesmice
Um dia, já sem forças, ele morre de velhice.

Viva a Vida (C.Martins)

Ah, a vida!
Vida fugaz
Vida sem paz!
Vida louca
Louca que rouba
o afago
o contato.

Ah, a vida!
Vida abundante

Vida errante
Vida alucinante
Alucinante a dor
o desejo
o beijo.

Ah, a vida!
Vida longa

Vida sem abraço
Vida no laço
No laço do momento
do sofrimento
do sentimento.

Ah, a vida!
Vida apraz

Vida fugaz
Vida absurda
Absurda é a relação
a emoção
o coração.

Oh, essa vida!
Tão linda e tão finita
Nascida e morrida.

[…]

Brinde a vida!
Saude a morte!
Agradeça a sorte
Mas brinde a vida.

“Plenilúnio” (jose mauro fernandes)

Aspirina flutuante
Sobre minha cabeça
A leve companheira
Alivia os meus “ais”
A cumplice de meus pecados
Pela noite adentro

Derramas em mim
Um branco límpido
(luar de prata)
E alucina essa lucidez tão falsa
Lua doce, lua alva
Ao despir-se na rima crua
Nua lua, lua nua
No ar “noir”

Permissão para pousar em tua tez
Peço eu impaciente
Aos guardiões de teu brilho
– Cavalo, armadura e lança –
E delíro no teu sexo
Como quem dança

E no afã de tê-la
– Canso –
Mas depois gozo os prazeres
De conhecê-la

Um quase nada (Karla Oldane)

Vai chorar, vai sofrer
Porque esta carne
Ah, esta carne vai perecer

O sangue que lava o asfalto
Não é sagrado
ninguém quer saber da tua dor

A marca nos rostos desfigurados
É só mais um fato
Não interfere mais nem causa pavor

Um dia Deus, quem sabe
Outros possam de prosperar
Por enquanto,
Imagético
Vai sofrer, vai chorar

Desencontros (C. Martins)

Na solicitude do desejo
Entrego-te um beijo
Escandaloso e tímido
Revelador e oculto
Contido e ressentido
Inquietação

Ouço o ressoar da hora
É tarde agora!
Que posso lá fora?
Adivinho a dúvida
Calo-me inseguro

A vida escorrendo
Entre as mãos
E o pulsar do coração
Lento – solitário.
Tempo

É tarde agora –
murmura o vento.
Elevo-te ainda a face
Num supremo gesto
Assustado e dorido.
Parto:
Não é aqui
o meu lugar.

Entre nós, só a lua (Hortência)

Este dilema eu preciso vencer
O meu coração terá que entender
Pois vivo num mundo cheio de regras
Muitas das quais eu não as vi fazer

Quão difícil é essa ciência
Onde a existência precede a essência
Outros já dizem que isso é um erro
Que é a essência que surge primeiro

Nascer nesse mundo cheio de normas
É trazer prescrito á própria forma
Caminhos preditos que coisa horrenda
Ver o mundo da fôrma por uma fenda

Foucault nos fala de tal violência
Pois corpos dóceis enfraquecem a essência
Ser submisso agrada o sistema
Mas, meu coração reclama o esquema

Enquanto eu canto, meu coração chora
Às vezes choro, e meu coração sorrir
Fico, mas com ânsias de ir embora
Vou-me embora sem vontade de partir

Fez de tudo o meu pobre coração
Tentando as regras obedecer
As regras do jogo só dizem que não
Mas, não me ensinam a te esquecer

Já não ouço Buckley, já não curto Moska
Ainda que a vida se torne tão fosca
Não brigo com Nitzsche, não leio Platão
Até deixei mudo o meu violão

Para não despertar lembranças tua
Mas, eu me pego olhando pra lua
E a lua sorrindo me revela
Que também estás olhando pra ela

À Revelia (Marcele Cypriano)

Não sintas saudade de outrora!
Donde vem a melancolia?
Por acaso, tu não sabias,
Que um dia é chegada a hora?
Que os tempos, ora, tão castos,
Vão feito velhos sargaços,
Que os ventos irão carregar…
E tuas águas, um dia vorazes,
Mostrar-se-ão em calmaria.
Inebriantes de maresia,
Nas encostas vão se arriscar.
Mas não temas o teu destino.
Segue teu rumo,
Corriqueiro, tranqüilo;
Para tornaste mais que isso
E encher-te de outro viço,
Águas dos rios não podem,
Evitar teu despejo no mar!
Desaguar tuas águas é feito,
Recriar-se sem ter que cessar.

Nós… Amigos (Cida Donato)

Nós na amizade, em nós,
em traços, a sós.
Antes e depois, dos nós…
Quem sabe?
Sussurros, segredos,
Cumplicidade: nos nós e em nós.
Dos cinco, os quatro e menos um.
Perdido, partido, quebrado.
Dos quatro, os cinco: mais uma.
Achada, brindada,
Reencontrada a amizade:
Os nós, atados, selados,
Distantes… Presentes… Constantes.
Agora: Saudade…

“Quintana” (José Mauro Fernandes)

Desesperado e louco
E furando a madrugada
O poeta foi caçar
Umas rimas

Escreveria
Um conto de reclamações
Não fossem tão fugidias
As palavras
Borboleteando
Pelos ares

Ébrio
Cambaleou pelo refrão
Da noite inteira

E
Como a companhia da caneta
Por si só não faz o poema

Adormeceu bêbado
Sobre
A manhã
Cansada

“CD” (José Mauro Fernandes)

Quero te dizer:
-Toda vontade que começa com um erro
é
verbalizada sensação de onde vêm esses desejos. (errôneos?)
De onde vêm?
Você que me atingiu por dentro
Enquanto eu me protegia da parte interna
Enquanto eu abria o meu peito ao corpo
Enquanto eu deixava os flancos descobertos
Para você descobrir
E me desprotegia.
Enquanto eu chegava e avisava com e-mail
Enquanto eu entrava com permissão pelos teus meios
Enquanto eu revirava teus cantos
Vasculhando sustenidos e bemóis,
Entre teus gemidos,

Fervendo de ciúmes
De mim mesmo
Enquanto eu era já outro que tu querias ver ali.
Um outro.
Enquanto,
Ingenuamente,
Eu dançava tangos, boleros e todos os sons
pra “CD”.

(de Manga Rosa)

Fruta de vez temporana,
poderia assim dizer,
é o fruto do poema nômade,
que se vivencia no segundo que não volta mais…
como a fabulsa arte da prolixidade,
efêmero em si…
inspira essa moléstia inspiradora que é a própria vida…

Criado nesse instante, à exaltação do mais perfeito verso que é a autoria própria do ser humano, o pensamento divagado e exalado sem contorno…
cru
especifico,
mistico e racional
quero parar de poetizar…
mas enquanto viver, e romancear os filmes vívidos…
esse vício
não vai me deixar…

Vidro embaçado (Aline Cunha)

Um traço de embaraço corre nas veias de um mundo em descompasso
Uma realidade que vive fora da realidade real de outrora
Em desatino o sol que ficou sombrio diante do escuro de um ciclo
Vejo o que antes seria razão se transformar no descaramento anunciado de covardes
Um mundo que era embalado no melhor papel de presente da lojinha, hoje é encoberto pelo papel fosco da arrogância
Os passos da semana que passou estão em cima do meu muro esperando a hora de dar o bote
O que ficou atrás da minha sombra busca um sentido para ser mais correto
A imagem que reluzia aquela felicidade, hoje é uma imagem embaçada, pois o vidro não é mais aquele
Um mundo de divisões, onde a metade que fica é a metade de feridas
O policial, aquele mesmo que protegia, hoje é sinal de delinqüência
Este mundo que eu infelizmente mostro a você,
É o mundo que você vive…

(de Aline Cunha)

“Nada melhor que a poesia para regar uma vida de arbustos vastos,
Nada melhor que a palavra saltada do papel para dar brilho aos olhos cansados,
Nada melhor que um boteco para “afogar” as mágoas de um papel em branco”

Terra de ninguém (Jasmim)

Ah! Quem me dera
Que nessa guerra
Eu fosse vencida
E Levada cativa
À terra bendita
Que me faz ir além
Ah! Quem me dera
Pousar nessa terra
Onde o coração
Tem a voz da razão
E tal o pecado
Nunca foi encontrado
Ah! Quem me dera
Habitar nessa terra
Onde a fidelidade
É ter liberdade
De romper com o véu
E penetrar no teu céu
Ah! Quem me dera…

“com as palavras certas as mãos viram línguas,

e as palavras ciganas dançam aos sons uivantes…” (Manga Rosa)

A voz do mar…

O vento veio tatuou meu coração
E o meu corpo, já não ouve a razão
Vai noboteco e deixa o copo vazio
E só quer ouvir o mar macio.
(Jasmim)

Quimera

A brisa, sibilante, sopra nossa canção,
E a sombra baila à luz da clara lua;
Fecho meus olhos na dura solidão,
Trazendo a mente, a bela imagem tua;

E nem respiro enquanto a imagem espreita,
Os olhos meus, de fitar não cansa;
Ainda, que aviva a mais cruel lembrança,
Daqueles dias cheios de esperança…
(Jasmim)

Que se viva sempre boas confabulações,

e que a harmonia reine eternamente,

romancear cada palavra e senti-las enfim…

(Manga Rosa)

Jasmim é bela flor
Imagem da pureza
Talisman do puro amor
Orgulho da natureza

(Jasmim)

37 Comentários »

  1. Quanta honra!!! Já que gostou, vou arriscar e deixar mais uma.
    Quimera

    A brisa, sibilante, sopra nossa canção,
    E a sombra baila à luz da clara lua;
    Fecho meus olhos na dura solidão,
    Trazendo a mente, a bela imagem tua;

    E nem respiro enquanto a imagem espreita,
    Os olhos meus, de fitar não cansa;
    Ainda, que aviva a mais cruel lembrança,
    Daqueles dias cheios de esperança…
    (Jasmim)

    Comentário por Jasmim | 09/07/2008 | Responder

  2. Gostei de poetar…rss

    A voz do mar…

    O vento veio tatuou meu coração
    E o meu corpo, já não ouve a razão
    Vai noboteco e deixa o copo vazio
    E só que ouvir o mar macio.
    (Jasmim)

    Comentário por Jasmim | 10/07/2008 | Responder

  3. Mui belo!!! Adorei…

    Comentário por marciosales | 10/07/2008 | Responder

  4. Não sei o que vc faz melhor, Discorrer sobre filosofia, defender grandiosamente seus pensadores estimados, ou poetar… Este último poema ” loucura” belíssimo. Bem, queria aproveitar e pedi-lhe desculpas pelo comentário um tanto impolido sobre Nietzsche. Vc tem razão, o problema é quando o outro é um espelho, reflete exatamente aquilo que não queremos ver. Nietzsche pelo menos teve a coragem de enlouquecer… bjs.

    Comentário por Jasmim | 14/07/2008 | Responder

  5. Terra de ninguém (Jasmim)

    Ah! Quem me dera
    Que nessa guerra
    Eu fosse vencida
    E Levada cativa
    À terra bendita
    Que me faz ir além
    Ah! Quem me dera
    Pousar nessa terra
    Onde o coração
    Tem a voz da razão
    E tal o pecado
    Nunca foi encontrado
    Ah! Quem me dera
    Habitar nessa terra
    Onde a fidelidade
    É ter liberdade
    De romper com o véu
    E penetrar no teu céu
    Ah! Quem me dera…

    Comentário por Jasmim | 15/07/2008 | Responder

  6. Como você diz, seu poetar é encantador… Quanto a Nietzsche não há o que se desculpar, pois “nessa guerra” só há vencedores. Ganha eu, ganha você e todos os botequeiros de plantão. E por falar nisso, pela pista da Leandra, hoje tem festa no boteco. Vamos brindar: Parabéns Jasmim!!! Bjs

    Comentário por marciosales | 16/07/2008 | Responder

  7. “Nada melhor que a poesia para regar uma vida de arbustos vastos,
    Nada melhor que a palavra saltada do papel para dar brilho aos olhos cansados,
    Nada melhor que um boteco para “afogar” as mágoas de um papel em branco”

    Comentário por Aline Cunha | 30/07/2008 | Responder

  8. Como fã da poesia que sai da alma, não poderia deixar de participar deste ambiente leve e magnífico…

    Márcio estarei por aqui sempre para um bom papo de boteco, ou melhor uma boa poesia de boteco…!

    Comentário por Aline Cunha | 30/07/2008 | Responder

  9. Que maravilha Aline. Inunda o nosso boteco com a sua alma cheia de poesia. Bjs

    Comentário por marciosales | 30/07/2008 | Responder

  10. Vidro embaçado

    Um traço de embaraço corre nas veias de um mundo em descompasso
    Uma realidade que vive fora da realidade real de outrora
    Em desatino o sol que ficou sombrio diante do escuro de um ciclo
    Vejo o que antes seria razão se transformar no descaramento anunciado de covardes
    Um mundo que era embalado no melhor papel de presente da lojinha, hoje é encoberto pelo papel fosco da arrogância
    Os passos da semana que passou estão em cima do meu muro esperando a hora de dar o bote
    O que ficou atrás da minha sombra busca um sentido para ser mais correto
    A imagem que reluzia aquela felicidade, hoje é uma imagem embaçada, pois o vidro não é mais aquele
    Um mundo de divisões, onde a metade que fica é a metade de feridas
    O policial, aquele mesmo que protegia, hoje é sinal de delinqüência
    Este mundo que eu infelizmente mostro a você,
    É o mundo que você vive…

    Aline Cunha

    Comentário por Aline Cunha | 31/07/2008 | Responder

  11. Fruta de vez temporana,
    poderia assim dizer,
    é o fruto do poema nômade,
    que se vivencia no segundo que não volta mais…
    como a fabulsa arte da prolixidade,
    efêmero em si…
    inspira essa moléstia inspiradora que é a própria vida…

    Criado nesse instante, à exaltação do mais perfeito verso que é a autoria própria do ser humano, o pensamento divagado e exalado sem contorno…
    cru
    especifico,
    mistico e racional
    quero parar de poetizar…
    mas enquanto viver, e romancear os filmes vívidos…
    esse vício
    não vai me deixar…

    Manga rosa…

    Comentário por Manga Rosa!!! | 07/08/2008 | Responder

  12. Lindoooooooooooo…
    Adorei

    Comentário por Chirles | 09/09/2008 | Responder

  13. Já que todo mundo fez, eu vou fazer também! rs

    À Revelia

    Não sintas saudade de outrora!
    Donde vem a melancolia?
    Por acaso, tu não sabias,
    Que um dia é chegada a hora?
    Que os tempos, ora, tão castos,
    Vão feito velhos sargaços,
    Que os ventos irão carregar…
    E tuas águas, um dia vorazes,
    Mostrar-se-ão em calmaria.
    Inebriantes de maresia,
    Nas encostas vão se arriscar.
    Mas não temas o teu destino.
    Segue teu rumo,
    Corriqueiro, tranqüilo;
    Para tornaste mais que isso
    E encher-te de outro viço,
    Águas dos rios não podem,
    Evitar teu despejo no mar!
    Desaguar tuas águas é feito,
    Recriar-se sem ter que cessar.

    Comentário por Marcele Cypriano | 10/09/2008 | Responder

  14. ENTRE NÓS, SÓ A LUA

    Este dilema eu preciso vencer
    O meu coração terá que entender
    Pois vivo num mundo cheio de regras
    Muitas das quais eu não as vi fazer

    Quão difícil é essa ciência
    Onde a existência precede a essência
    Outros já dizem que isso é um erro
    Que é a essência que surge primeiro

    Nascer nesse mundo cheio de normas
    É trazer prescrito á própria forma
    Caminhos preditos que coisa horrenda
    Ver o mundo da fôrma por uma fenda

    Foucault nos fala de tal violência
    Pois corpos dóceis enfraquecem a essência
    Ser submisso agrada o sistema
    Mas, meu coração reclama o esquema

    Enquanto eu canto, meu coração chora
    Á às vezes choro, e meu coração sorrir
    Fico, mas com ânsias de ir embora
    Vou-me embora sem vontade de partir

    Fez de tudo o meu pobre coração
    Tentando as regras obedecer
    As regras do jogo só dizem que não
    Mas, não me ensinam a te esquecer

    Já não ouço Buckley, já não curto Moska
    Ainda que a vida se torne tão fosca
    Não brigo com Nitzsche, não leio Platão
    Até deixei mudo o meu violão

    Para não despertar lembranças tua
    Mas, eu me pego olhando pra lua
    E a lua sorrindo me revela
    Que também estás olhando pra ela

    Comentário por Hortência | 16/09/2008 | Responder

  15. Márcio, meu querido
    Depois de tomar todas no boteco
    vou ao encontro da lua

    “Plenilúnio” (jose mauro fernandes)

    Aspirina flutuante
    Sobre minha cabeça
    A leve companheira
    Alivia os meus “ais”
    A cumplice de meus pecados
    Pela noite adentro

    Derramas em mim
    Um branco límpido
    (luar de prata)
    E alucina essa lucidez tão falsa
    Lua doce, lua alva
    Ao despir-se na rima crua
    Nua lua, lua nua
    No ar “noir”

    Permissão para pousar em tua tez
    Peço eu impaciente
    Aos guardiões de teu brilho
    – Cavalo, armadura e lança –
    E delíro no teu sexo
    Como quem dança

    E no afã de tê-la
    – Canso –
    Mas depois gozo os prazeres
    De conhecê-la

    Comentário por ze mauro zigfrid | 19/09/2008 | Responder

  16. Olá José M. Fernandes, noboteco é um lugar surpreendente ; a liberdade de interatuar faz surgir coisas belíssimas…Curiosamente, Fernando Pessoa nos seus English Poems, assim como, Mário de Sá-Carneiro, Antonio Botto, Jorge de Sena, entre muitos outros, celebram nos seus escritos os rituais de Eros. De forma semelhante, o poema “Plenilúnio” se envolve em tais rituais sem perder em momento algum o romantismo,o encanto e a elegância. Que primor!!!

    Comentário por Hortência | 23/09/2008 | Responder

  17. Se é pra livre expressão então vai:

    Não sou (Theobaldo Villela)

    Quem é você?
    Que rosto é esse?
    Sua personalidade?
    Seu interesse?
    Homem, branco, cristão
    Pai, marido, mulher
    Forte, destemido, cidadão
    Cheio de esperança e de fé
    Trabalhador e fiel
    Incansável amante
    Um louco desvairado
    Um poeta delirante
    Cumpridor dos deveres
    Um sujeito normal
    Negro, puta, criança
    Homossexual
    Malandro e preguiçoso
    Excepcional
    Muito perigoso
    Um ser racional
    Inteligente e bondoso
    Temperamental
    Meticuloso
    Sem sal
    É um criminoso
    Bandido e cruel
    Mas é amoroso
    Esse vai pro céu
    Safado, corrupto
    Filho da puta
    Pau pra toda obra
    Não foge da luta
    Brasileiro
    Então é fudido
    Rouba mas faz
    Mudou de partido
    Solidário e ateu
    Crê-se anarquista
    Conquistador
    Faz pinta de artista
    Esquizofrênico
    Dizer traiçoeiro
    Ou seria um bon vivent
    Amigo, companheiro
    Não sou nada disso
    Não tenho rosto nenhum
    Não quero compromisso
    Nem parentesco algum
    Não caibo em nenhuma roupa
    Já esqueci o que fui
    Perdi a persona
    Quebrei o espelho
    Rasguei a fotografia
    Queimei os arquivos
    Neguei a mim mesmo
    A ser sempre o mesmo
    Recusei o eu

    Comentário por Theo | 01/10/2008 | Responder

  18. Em dias difíceis como esses o boteco tem sido a única companhia que me resta. Talvez meu desabafo…

    Vão (Theobaldo Villela)

    Minha vida está por um triz
    Já rasguei o meu nariz
    Dilacerei meu pulso
    E narrei a minha dor
    Sem saber pra onde vou
    Sigo a ermo
    Suado, calado
    Mas com um grito contido
    Que ninguém quer ouvir
    Por isso engulo
    E volto a curtir
    Meus instantes de solidão
    Que vão vagando
    De vão em vão
    Sem resistir
    Pois lutar
    É em vão

    Comentário por Theo | 22/10/2008 | Responder

  19. Caro Theo, apesar de não te conhecer, a não ser pela tua poesia tão visceral, quero reafirmar que o boteco é um ponto de encontro pras pessoas se sentirem à vontade. Use-o como achar melhor… abç

    Comentário por marciosales | 22/10/2008 | Responder

  20. Depois de alguns dias ausente, um poema de tempos distantes:

    Um olhar… (Theobaldo Villela)

    Algo Indefinido Demarcou o seu Sítio
    Alojou-se Incerto Decidido a Surdir
    Absoluto Impôs-se Descendo no Sangue
    Armando Infame um Destino a Seguir

    Algoz Implacável que Destrói a Seiva
    Anjo Infernal que Devora o São
    Absinto Ímpio de Decisão Sobranceira
    Abismo Impetuoso que Deita Solidão

    Apaga a Ilusão de Dias Solares
    Aurora Ignora e Deixa Sumir
    Arranca Impávido o Deflagrado Sopro
    Antes que Intentem do Domínio Sair

    Assim no Íntimo Dói a Sentença
    Aquela Impressão do Derradeiro Sinal
    Antecipa-se o Instante da Despedida Solene
    Acaba a Impulsão do Dom Seminal

    Agora Infausto Disposto a Sofrer
    Atado Inerte em Dosagens Sem-fim
    Assim como a Ilha que Descobre-se Solta
    Ando Indigente Dizendo Sim

    Algo Insurja Desviando esta Sina
    Arruinando o Império Deste Sentimento
    Abra o Inferno e me Deixe Sair
    Alivie a Intensa Dor do Sofrimento

    Comentário por Theo | 12/11/2008 | Responder

  21. mARCIO ACHO QUE A POESIA ESTÁ ENTORNO E DENTRO E MESMO ASSIM AGENTE SAI À SUA PROCURA.

    “BUSCA”

    Quero o sabor do sorriso
    Na boca da poesia

    Buscà-la vou
    No espaço albino
    De qualquer caderno
    Na solidão do vão
    Da folha única
    E na coleção de saudades
    Em branco e preto

    Na memória desbotqada
    Da infância
    E nas perdas e danos
    Que brotam desta distância

    Necessário é obtê-la
    Dos anjos, dos diabos
    E outros artifícios
    Dos àlcoois, dos cigarros
    E nas dores de outros vícios

    Nunca esperà-la
    Fosse ela só
    Só inspiração

    Porque ela existe
    E está
    Na febre que acomete-me
    As noites em claro
    Enquanto domo
    A selvagem beleza
    Das palavras em sono ( Josè Mauro Fernandes)

    Abração , Márcio e felicidades

    Comentário por ze mauro zigfrid | 15/11/2008 | Responder

  22. “Intervalos”(José Mauro Fernandes)

    Nascer é óbvio
    Morrer inevitável

    Nesse intervalo
    Prevalece
    Nossa opção

    Existir
    É a alegria ou tristeza
    de viver isto

    Comentário por ze mauro zigfrid | 15/11/2008 | Responder

  23. Do amor (subjetivo)
    Já falou-se tanto do amor

    E haverá muito o que falar

    Pois o amor é um poço

    Inesgotável

    Impossível de secar

    Do amor não se tem medo

    Vai-se ao fundo

    E bem sério

    Desvendar todo segredo

    Mesmo sem poder expressar

    Todo Mistério

    Mal de amor

    Não tem remédio

    Ele próprio é a poção

    Outro amor lhe tira o tédio

    E também da solidão

    E amar é como

    Navegar em alto mar

    Sentir presságios de perigo

    Sobreviver de um naufrágio

    E se achar forte

    Mesmo sendo frágil

    Zémauro Fernandes/Marcos Moreno
    Diga lá meu meu querido, Márcio
    Estamos com saudades bjos e abraços

    Comentário por ze mauro zigfrid | 05/05/2009 | Responder

  24. esperamos te ver sempre
    e melhor ainda queremos e iremos te ver
    aonde for.((bárbaros do blues)
    O professor ( como fazem os bons) SE MULTIPLICAM
    EM NÓS, alunos.
    vou deixar uma simples de minha vida.

    “Poesia crua”

    Asso carnes
    e frito batatas
    Mas me alimento
    mesmo
    É da poesia crua!

    Jose Mauro Fernades

    Felicidades, “GRANDE AMIGO”

    Comentário por ze mauro zigfrid | 10/05/2009 | Responder

  25. SOLIDÃO

    ELA NÃO ME INVADE
    NÃO CHEGA SEM PEDIR LICENÇA
    EU QUE A CONVIDO
    PARA PARTICIPAR DA MINHA INTIMIDADE
    ELA SUGERE REFLEXÃO
    REESTRUTURAÇÃO
    ME PEDE CAUTELA
    POR QUE TEMER A SOLIDÃO?
    VOU TE CONTAR UM SEGREDO
    A SOLIDÃO NÃO EXISTE
    TÃO POUCO É FRUTO DA IMAGINAÇÃO
    APENAS VOCÊ DISFARÇADO
    PARA SE OPOR A MULTIDÃO
    NÓS NÃO FICAMOS SOZINHOS
    E SIM,
    COM A GENTE MESMO
    REFLEXO NO ESPELHO
    A SOLIDÃO É UMA FARSA DO SUJEITO
    QUE PREFERE ENGANAR-SE
    A ADMITIR QUÃO CHATO ELE É
    EU VIVO SOLIDÃO
    RESPIRO SOLIDÃO
    EU SOU SOLIDÃO
    MAS AS VEZES PREFIRO CRER QUE NÃO

    Bruno Alves

    Comentário por Bruno Alves | 17/05/2009 | Responder

  26. Acima,minha humilde contribuição!!
    Abração Márcio

    Comentário por Bruno Alves | 17/05/2009 | Responder

    • Caro Bruno. Até que enfim! rsrs. O boteco agradece e aguarda muitas outras. Abç.

      Comentário por marciosales | 20/05/2009 | Responder

  27. Cartão de Aniversário

    Depois de tantas voltas em torno do sol
    nem parece que você viajou tanto
    Parabéns!
    Éramos tolos e geniais,
    caminhávamos em gelo fino.
    E todos nós éramos frágeis
    e vivemos, juntos,
    algumas inseguranças,
    crises existenciais
    aprendizados empíricos.
    E nos fizemos adultos
    e partimos para outras estradas.

    compartilhamos choros e alegrias
    e os aniversários eram bem comemorados!
    Tu completas mais uma volta em torno do sol
    e sinto-me feliz por tua viagem!

    Felicidades e desejos de em tantas outras voltas eu possa estar aqui pra felicitar tua chegada!
    Beijos e Felicidades

    Jose Mauro Fernandes

    Comentário por ze mauro zigfrid | 07/06/2009 | Responder

  28. Estou tão certa do que quero
    que subjetivei as minhas concepções
    com devaneios constantes, oscilações inquietantes a gritar.

    Nada tem a perder, cada minuto é aprender quando tenho você dentro de mim transparente, entregue e nada vulnerável.

    Será que só eu sinto?
    Despe a minha alma, sente o meu pensar,
    não precisa se prender,
    pois amar é viver, cantar, voar, ser livre sublimar o auto amor de forma corajosa.

    Comentário por Sara Silva Amanajé | 02/05/2011 | Responder

  29. Essência é o que exala da tua pele quando junta-se ao meu corpo,
    Confunde os instintos, exalta o ego, transfigura o ser.
    Quero correr para longe e quanto mais corro aproximo você de mim.
    Quem és tu?
    Misterioso, meticuloso e sagaz.
    Reinvenção do meu objetivo
    Mantido oculto
    Na Caverna do meu sentir.
    Acorrentada coloco-me em tuas mãos,
    Desespera para nunca ter que dizer Não.

    Comentário por Sara Silva Amanajé | 02/05/2011 | Responder

  30. Meu corpo reflete os desejos de minha alma
    Ele teima em ser altruísta,
    Com e sem medida
    O que há de fazer?
    Apenas Viver o prazer
    Suspira, treme, esquenta, geme.

    Sei o que quero e quero conter
    Sempre para não doer,
    Apenas viver o prazer
    Suspira, treme, esquenta, geme.

    Meus sonhos aqui estão,
    expostos à pele
    Com e sem reservas
    Apenas viver o prazer
    Suspira, treme, esquenta e geme
    O ser.

    Comentário por Sara Silva Amanajé | 03/05/2011 | Responder

  31. Cordão Umbilical (Sara Amanajé)

    Sempre aqui, ali e sempre
    Desde do despertar do ser
    São tantas travessuras, perigos, derrotas e conquistas, mas sempre comigo.

    Foste o símbolo das minhas fases,
    De tão longe viestes para apresentar-me
    Reflete a minha luz
    Sustenta as minhas vitórias.

    Sempre aqui, ali e sempre
    Impõem os meus amores eternos,
    Amor incondicional
    Sem igual beleza e valia

    Cravado em meu peito
    Miragem e verdade
    Em uma confusa harmonia
    Transcende o acaso.

    Comentário por Sara Silva Amanajé | 08/05/2011 | Responder

  32. “Renascimento” (Sara Amanajé)

    Recriada eu fui
    Arrancaste as cicatrizes
    E as plantou frente as minhas íris
    Negras, firmes
    Agora sinto com outra dor
    O medo acabou
    De começar
    Prossegue então
    No tempo sem limite
    A findar.

    Comentário por Sara Amanajé | 29/06/2011 | Responder

  33. ” Filhos” Deborah Accioly

    Filhos?
    O que eles significam pra nós?
    Choro, fralda, mamadeira!
    Não nos deixam em paz!
    Dormir até mais tarde, cochilo depois do almoço
    Ver seu programa de tv favorito?
    Nunca mais!
    Eles exigem atenção,
    Somos seus escravos,
    Seus súditos,
    Seus cativos,
    E sabem como eles conseguem isso?
    Com sua mão gorducha,
    Seu sorriso desdentado,
    Sua pele fina e cheirosa,
    O cheiro doce de sua boca,
    Seus olhares nos reconhecendo e
    seus braços estendidos para ganhar mais carinho.
    Mais tarde vêm as primeiras palavras e nós não nos
    Cansamos de ouvir, pedir pra repetir e ficar espantado,
    diante á evolução daquele ser.
    Ser que antes dependia só de nós,
    e que agora anda, fala e pede o que quer.
    Vê-los crescer é maravilhoso e trágico ao mesmo tempo.
    Ficamos orgulhosos quando resolvem seus problemas sozinhos.
    Arrumam emprego, compram roupa, fazem mala e viajam.
    Debatem e opinam, ás vezes com argumentos melhores que o seu.
    Claro, estão se tornando adultos, adultos como nós.
    A mistura de sentimentos é inevitável.
    Queremos que eles peçam colo, que queiram ir brincar na
    Pracinha, que se sujem de sorvete.
    Mas o tempo é cruel e não deixa de passar.
    Aquela garotinha ou garotinho, agora te dá lição de moral.
    Você escuta, achando mais graça do que qualquer outra coisa.
    Aquele é o seu bebê crescido.
    Por isso sorria e sinta-se feliz, pois aquele é o seu produto.
    O fruto do amor depositado está ali, bem na sua frente.
    Tenha orgulho e fé no adulto que você ajudou a formar.
    Eu tenho orgulho da adulta e dois futuros adultos que me deram a honra de serem meus filhos.
    Amo vocês!

    Amiga, adorei ler você de forma única e verdadeira então resolvi publicar aqui nesse blog maravilhoso !!!!.(Sara Amanajé)
    .

    Comentário por Anônimo | 29/06/2011 | Responder

  34. “Vozes” (Sara Amanajé)

    Vozes que me enlouquecem
    A minha loucura que as produz,
    Meus devaneios constantes
    Digladiam-se com a cultura marcada em pele crua
    Vozes vão e vem
    Assim como a minha vontade confusa, notória e profunda
    Da sua candura, bruta, vazia
    Impressa nesse vai e vem.

    Comentário por Sara Amanajé | 28/09/2011 | Responder

  35. “Finjindo” ( Sara Amanajé)

    Perdida estou quando finjo controlar meus desejos
    Para me sentir consciente, potente, ardente
    Queimo sim, de hipocrisia,
    Vaidade e falsas verdades
    Tem algo que me prende na mentira da razão
    É um elo, é uma prisão
    Que me faz ser gente com gratidão.

    Comentário por Sara Amanajé | 28/09/2011 | Responder

  36. “Sintonia” (Sara Amanajé)

    Flui como a luz
    Entrelaçada
    Freqüência ondulada
    Que entontece
    Brinca,
    Desvenda a escuridão
    Mostra a imperfeição
    Mais perfeita que
    Me atrai para as margens do além
    Onde o precipício é renovação
    Nas terras virgens de um alguém

    Comentário por Sara Amanajé | 19/12/2011 | Responder


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